Fernanda Pandolfi

No final das contas, tudo que uma criança ou um pré-adolescente, em plena formação de caráter e personalidade precisa, é de incentivo. Precisa de alguém que o impulsione, faça acreditar, que dê corda na caixinha de música dos sonhos. Foi assim que a Piti entrou na minha vida, como uma alavanca. Eu, que sempre fui ligada às palavras, mas não entendia direito o quanto elas estavam presentes na minha essência, tive os olhos brilhando quando, aos 11 anos, deparei-me com aquela professora ensinando a brincar de transformá-las e provando que, sim, podemos nos alimentar de um ponto final, espaço, nova linha e parágrafo. Não, definitivamente, não foi ali que eu me apaixonei pelas letras. Isso veio antes mesmo do bê-a-bá. Mas, com certeza, foi naquele instante que a conheci que me enamorei da escrita. Então, quer dizer que eu, euzinha, tenho condições de criar algo parecido com este livro que tanto adoro? Foi assim, sempre pendurada na barra da saia da prô Piti, pedindo colo, literalmente, para alguma ajuda, e sendo incentivada além da conta, que escrevi o meu primeiro livro, nunca publicado. Depois, ganhei o prêmio de melhor redação na Jornada Nacional de Literatura. Atualmente, sou jornalista (quão óbvio soa isto a esta altura?). Estive seis anos à frente de uma coluna na Zero Hora e, há um ano, decidi que estava sentido falta de escrever mais e mais. Assim, nasceu o Ida e Volta. Um canal para meus insights, com crônicas e sentimentos traduzidos em caracteres enquanto dou a volta ao mundo. Neste momento, estou no meio da savana africana, e reflito, o que precisamos é de confiança. Precisamos de alguém como a Piti, que é tão apaixonada pelo que faz de modo que acaba contagiando o aluno. Às vezes eu até acredito que era melhor aos 11 anos de idade. De verdade, pelo menos, na retaguarda. Obrigada, Piti, por ser a peça-chave na revelação da minha incumbência nesta existência.